Ángela Morgan

Belíssima ilustração do meu cabeçalho é da ilustradora - Ángela Morgan

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domingo, 6 de maio de 2012

Ó meu Niterói! É, minha cidade progrediu...ou...


Essa crônica de Artur da Távola retrata bem sobre o que eu penso da cidade que eu escolhi para viver.
Fico assustada com o grande crescimento imobiliário.Dezenas de casinhas  sendo derrubadas e começam a subir grandes prédios... Minha cidade progrediu!
mac - museu de arte contemporânea. 
Pedra do Indio  imagem
foto Google: Praia de Icarai
 O que assusta na gente na relação com a cidade , onde vive e a qual ama, é a certeza que nela colocou as suas esperanças, os seus planos de vida e de repente ela é outra, transformada, totalmente fora da possibilidade de realizar nossos projetos. Todo o meu esforço pessoal interior, no sentido de civilizar-me tornou-se inútil porque a cidade não me traz respostas à altura. O centro de meu dilacerante conflito é a constatação de que no tipo de crescimento adotado, não há mais chance de realização de um tipo de vida para o qual me preparei e no qual poderia realizar o que de melhor possui a minha dimensão de pessoa e de cidadão. Caminho pelas ruas da minha cidade pensando e pensando se ela ainda possui locais que possam responder a um tipo de vida que justifique nela viver. E é o trágico constatar que já não o tem. Ela perdeu aquela espécie de elasticidade que permitia ao habitante acomodar-se e, mal ou bem, gozar as vantagens do viver urbano. Não que se procure um paraíso, uma cidade sem problemas ou naturais dificuldades, desconfortos, imperfeições, etc. Mas uma cidade que, ao lado disso, dê ao morador a possibilidade de espaço, alguma paz, alegrias, ou tipos de lazer e convivência para os quais ele se ou nos quais se formou. Aí vem a constatação de que a cidade erigiu o impermanente como regra e tudo o que justifica uma existência de trabalho com a finalidade de alcançar certas metas, mesmo as mais modestas metas de vida, já não mais encontra resposta. Ela ficou alheia a nós – e aqui o terrível – a gente já se considera sem tempo e condições de criar raízes em outro lugar. Na cidade “moderna” emergente, burra, psicologicamente enferma e socialmente injusta, não há mais vestígio nem do passado recente. Trator nele! E sem passado, é tão impossível viver como sem futuro, porque, quando tal ocorre, fica no meio um presente sem sentido, vivido irremediável, na qual nada mais pode melhorar e onde todos ficam se perguntando qual a causa de estar assim… Ó meu Niterói!
 Artur da Távola
Amara Mourige